UM CONTO DAS ESTRELAS

UM CONTO DAS ESTRELAS

Amantissima melodia aos lábios da Virgem subia, tudo em silencio escutava tão belo canto de amor. Lindos passarinhos esvoaçavam em redor da Sua aura feita por estrelinhas brilhantes, que inquietas e brincalhonas rodopiavam sem parar à volta da santa fronte da Virgem que, com um sorriso tão meigo como o amor, ralhava, assim, docemente às inquietas que não paravam mais:

Porque não estais quedas,
Minhas doces estrelinhas?
Não vedes que estou cosendo
Roupa p’ra mil criancinhas?·

O Natal já se aproxima,
Que gente de pouco siso,
Se não for eu cá em cima,
Quem sabe o que é preciso?

O rodopio parou e uma estrelinha atrevida, assim falou:
- Linda Mãezinha, conta-nos como é o Amor na Terra que o quero conher.
- É doce?
-E puro?
- É transparente como cristal?
- Faz lembrar os passarinhos em época de ninhos?
- Ou é como as flores quando abrem os seus botões oferecendo a todos o seu perfume celeste e a sua beleza infinita?
As estrelinhas apertaram mais o circulo em volta da Santa Virgem deixando sua luz brilhar de curiosidade.
Eis, então, que chega uma estrela maiorzinha, que aumentando o seu brilho e torcendo uma das suas pontinhas, falou com sábia magestura:
- Eu sei! Eu sei! A estrela Maior me contou. Sabem por onde ela andou? Pelos cinco cantos do Mundo. Ela anunciou o nascimento do menininho Jesus. Ela falou a Magos e a pastores e levou-os ás palhinhas onde estava deitadinho, o nosso Menino Jesus. Mas … ,

De pronto vos posso dizer,
Que tristes recordações
Ela lá foi colher.
Do Menino … ,
Ninguem queria saber,
E até nos soube dizer,
Que bem triste era,
Ali fazer nascer
O Amor do Universo.

Mas nos corações bondosos,
O Menino foi mexer.
Neles, grande Amor despertou,
Tão forte e tão formoso,
Que pelos tempos perdurou.

O nosso Jesus cresceu...,
Tornou-se homem,
Muito Mundo percorreu,
E as gentes emudeceu
Com seu Amor e saber.

O ensino que espalhou,
Não foi menor do que amou.
Em muita dor e sofrimento … ,
A mão estendeu e curou
A quem nele acreditou.

Em seu coração arrecadou
A parte mais triste que achou,
Morreu e Ressuscitou
Trazendo consigo p’ro céu
A dor da Humanidade,
Para deixar em seu lugar,
Apenas Amor e Caridade.

-Depois! Muito aconteceu, mas o seu sofrimento valeu a pena.

Repara, irmãzinha, que a data está á porta.
- Que data, irmã estrelinha?
- Ah! Sua tolinha, pois não estás vendo a festa do Universo pelo Nosso Senhor Jesus Cristo? Na Terra chamam-lhe Natal.
Anda, vamos pedir á Nossa querida Senhora, Mãe de Jesus, que nos conte.
– Mãezinha de Jesus, conta-nos o significado do Natal e do Amor na Terra.
O manto de luz da Virgem tomou-se mais reluzente com o seu sorriso amantíssímo, e assim falou ás estrelinhas:
- O nosso Bem-Amado Jesus deixou na Terra todo o Amor que o Seu coração levou. Transformado numa semente pequenina, tão pequenina que não se via, foi deitada à terra com muito carinho. Ali, germinou e nasceu uma plantinha tão pura como os anjos, tão bela como a Mansão das delicias, tão perfumada como as flores do Eden, mas frágil, tão frágil como o mais fino cristal.
- A flor dessa plantinha é a flor do Amor.
Ela não é visivel para os homens, apenas para nós. Mas os humanos podem plantá-la em seus corações. E quando ela floresce em pureza, oferece a esses corações as mais belas delicias, os mais doces sentimentos que aos homens é concedido.
- Então, o Homem transforma-se, perde o egoismo, a maldade e o vicio, e surgem nele a Bondade, o Carinho, a Compaixão e o AMOR.
Então, o Homem fica FELlZ.
- É isto, minhas pequeninas, que é festejado no Natal entre os homens. Jesus deixou-lhes também a graça de, pelo menos, uma vez por ano se tornarem um pouco melhores do que são.
O nosso Amado Jesus Cristo tem ESPERANÇA, muita ESPERANÇA QUE O AMOR CONQUISTE E PREVALENÇA NO CORAÇAO DOS HOMENS.

in "Maravilhas do Céu" de MariaHelena Guerra - Editora de Revistas e Livros, 1992